Quinta-feira, 5 de Junho de 2008

Ship of Fools/Ship of Hope - One World

 
Segue neste momento a caminho da Austrália uma barca.
 
Há coisa de quinze dias quis a coincidência que uma galeria em Melbourne nos comunicasse a intenção de promover uma exposição subordinada ao tema Barca de Esperança/Barca de Loucos – Um Só Mundo. Caso estivessemos interessados enviar-nos-iam uma maquete que deveríamos construir e trabalhar sem quaisquer limitações.
 
Para além das conversas que já tínhamos tido para acertarmos as primeiras ideias em torno da nossa própria barca, o trabalho que o Rui, o Fernando e eu realizámos sobre a maquete ajudou a dar um empurrão suplementar. Ainda que não saibamos ainda qual o teor ou o aspecto final da exposição no Centro Cultural de Cascais, muitas ideias tomaram raiz durante o interlúdio jocoso que o trabalho em torno deste projecto proporcionou. E se é certo que no plano formal nada aproxime estes dois projectos, no plano filosófico não andarão muito distantes um do outro, e por essa razão parece-me oportuno deixar aqui registado parte do texto que a galeria Australiana nos facultou:
 
A Barca dos Loucos
 
A Barca dos Loucos representa a humanidade no seu todo navegando através dos mares do Tempo.
 
Um navio, uma pequena embarcação, uma barca perdida.
 
Para nosso grande infortúnio, todos somos loucos:
 
Vivemos exclusivamente para o Aqui e Agora e consumimos de forma irracional; somos perdulários, deitamos tudo abaixo, queimamos a terra e plantamos colheitas sedentas de água num clima que se torna cada vez mais tórrido, na crença de que o poderemos fazer para sempre.
 
Entretanto a nossa barca anda por aí à deriva sem nunca conhecer o rumo, nunca encontrando o cais.
 
Enquanto artistas estamos cientes da responsabilidade que temos, de alertar o público para  questões como o aquecimento global, as suas causas e efeitos, e de lançar a todos o desafio de ver as coisas de outra maneira, quanto mais não seja no breve instante de contacto visual com a nossa obra, e de suscitar as perguntas: Qual a nossa posição no mundo? De que modo o afectamos? O que é que podemos fazer?
 
Talvez seja uma aspiração excessivamente ambiciosa, mas acreditamos que os tempos de uma Arte que se referencia a si própria e que explora apenas a Forma sem grande conteúdo ideológico é coisa do passado. O tempo urge e são os artistas que devem tomar o comando na procura de atingir novos públicos e questionar de forma pertinente o modo como vivemos. Os artistas têm que estar informados para poderem informar. A corrente só mudará quando todos remarem numa direcção comum – nessa altura governos, grandes empresas e o público tomarão consciência do quanto a situação é urgente e, com alguma sorte, a nossa barca talvez chegue a bom porto.
 
Quer o faça de modo subtil, quer o faça com mão pesada e espalhafato não temos dúvidas de que uma das armas mais eficazes para abordar certas questões está nas mãos do artista. Todos vivemos cada vez mais entorpecidos pelos media – especados diante do televisor sem capacidade para discernirmos a notícia que ora escutamos daquela que a antecedeu. Somos exímios nas artes do ‘Streaming’, do ‘Podcast’, do ‘Download’, perfeitamente capazes de surfar, escutar e ler opiniões favoráveis e divergentes sobre tudo e mais alguma coisa – mas não será tudo isto um pouco de mais? Não estaremos a atingir rapidamente o ponto de saturação?
 
Temos que procurar novas vias para educar.
 
Enquanto artistas temos que assumir a responsabilidade e aliarmo-nos a outros na tarefa de inverter a força e a direcção desta corrente. A Arte tem o seu papel a desempenhar. [tradução/adaptação jfx]
 
 
São ideias a ponderar e que certamente nos afectarão de uma maneira ou de outra no que respeita ao nosso percurso em conjunto. Se encontrarão ou não expressão plástica no projecto 3 homens numa barca será outra questão.
 
Entretanto, a brincar a brincar, chegámos a ‘Uma Barca de Esperança Num Mar de Loucos que ficará exposta juntamente com o trabalho de outros 33 artistas de 14 países no Yarra Sculpture Gallery em Melbourne de 18 de Junho a 6 de Julho, e que acompanhará em seguida a exposição individual de Julie Collins e Derek John no The Ballarat Mining Exchange, Ballarat, Australia entre 2 e 10 de Agosto de 2008.  [jfx]
 
Para ver todas as barcas desta exposição siga o seguinte Link:
http://shipoffools-shipofhope.blogspot.com/
 
 
 

 

artistas residentes [OD]:
[OD] às 09:28
link
De Fernado Vidal a 5 de Junho de 2008 às 17:20
Foi muito simpático da tua parte Zé, estenderes ao Rui e a mim, o convite que te fizeram para este projecto.
A ideia de fazermos um pequeno filme para usar na exposição do CCC, entusiasmou-me.
Parecia que vinha tudo a propósito.
A reflexão e discussão do projecto foram pacíficas e aconteceram enquanto esperávamos a chegada do protótipo que vinha pelo correio.
Não houve grandes divergências. O processo criativo desenrolou-se em progressão. Cada um de nós acrescentava algo ao raciocínio anterior.
Pela simplicidade, pequenas dimensões da barca e pelo curto espaço de tempo que houve para a execução, não deu para grandes pausas. Depois as contingências técnicas da execução levaram a pequenas reformulações e adaptações.
Foi engraçado, ou melhor, diverti-me.
Deu para eu sentir o que nos une e o que nos separa - quando em palavras dizemos o mesmo mas no processo artístico queremos uma forma e expressão plástica diferente.
Foi a primeira vez que fizemos um trabalho em conjunto.
Gosto do resultado final – da nossa barca da esperança.
Mas o mais importante para mim foi sentir o vosso ‘olhar’ no acto da criação.
Claro que vai valorizar caminho no projecto para a exposição ‘3 homens numa barca’.
Valeu por isso. [FV]


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